A grande lição que sua filha precisa aprender sobre mandar fotos ou mensagens inapropriadas

A internet é lugar de ninguém. Não tem dono e, portanto, não há regras. Qualquer pessoa pode se esconder por trás de um computador.

Stael Ferreira Pedrosa

Nos tempos atuais, muitas pessoas estão se relacionando pela internet. O namoro virtual ou atitudes mais picantes como o “sexting” está se tornando comum entre adolescentes e adultos. O que vem expor os usuários à possibilidade de ter sua privacidade invadida e divulgada.

A internet é lugar de ninguém. Não tem dono e, portanto, não há regras. Qualquer pessoa pode se esconder por trás de um computador, de uma imagem ou perfil falsos e pior – com imagem de webcam falsa também. Existem programas que passam um vídeo na câmera como se fosse a pessoa com quem se está teclando. Outro perigo é que a pessoa que se mostra na câmera pode ser gravada também.

Existem programas espiões que podem ser enviados de um computador para outro como se fosse uma foto, música ou outro arquivo qualquer. Esses programas chamados keyloggers, capturam tudo o que for digitado no computador bem como arquivos, senhas, fotos e imagens da câmera.

Não se tem mais privacidade ao acessar a internet. Uma foto em um dispositivo, seja um computador ou smartphone, está sujeita a “vazar” na internet, expondo a pessoa retratada em tais fotos. E é bom saber que o que é postado na internet, nunca mais será retirado e irá a qualquer parte do mundo. Nenhuma sala de bate-papo virtual é segura. Sempre há convites para interações via webcam, geralmente de cunho sexual. Os perigos estão em toda parte.

O Advogado Alexandre Ateniense alerta: “Precisamos nos conscientizar que quanto mais avança a tecnologia mais a nossa privacidade será devassada”.

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Até mesmo os hábitos de navegação dos usuários são observados, acompanhados e arquivados para que sejam feitas ofertas e propagandas de acordo com o que o usuário pesquisa na internet.

Nossos filhos – potenciais vítimas

É imperativo que os pais conversem com seus filhos de todas as idades sobre as mídias sociais e monitorem seu tempo on-line para ajudá-los a navegar em segurança. A maneira de falar com eles deve variar de acordo com a idade e o tema.

O computador deve ser mantido em uma parte pública da casa, como a sala ou cozinha, para que você possa verificar o que seus filhos estão fazendo on-line e quanto tempo eles estão gastando nessa atividade. É bom que os pais saibam como utilizar as mídias para melhor aconselhar as crianças sobre, por exemplo, configurações de privacidade, restrição a sites e recebimento de arquivos.

Todos estão em perigo

Qualquer pessoa está em perigo de ter sua privacidade e dados devassados por pessoas mal-intencionadas. No entanto, as crianças e adolescentes têm menos bom senso no que se refere a compartilhar informações. Além disso, estão em maior risco de ciberbullying, principalmente as meninas.

As violências de gênero têm se tornado comuns na internet. Ouvimos relatos variados de adolescentes que deixaram vazar ou foram vítimas de invasão e exposição de privacidade que terminaram dando fim à própria vida por não suportarem o bullying que advém da exposição indevida de fotos ou vídeos – na maioria, meninas. O que nos faz voltar o olhar para nossas filhas.

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O que sua filha deve aprender sobre exposição na internet?

O grupo em maior risco são as crianças e adolescentes do sexo feminino. Devido à objetificação feminina cada vez mais divulgadas na internet e outros meios de comunicação, juntando-se a isso a competição implícita criada pela mídia pelo corpo mais perfeito, a aparência mais sedutora, meninas que querem atenção podem divulgar fotos impróprias de seus corpos ou mostrar-se na webcam em busca de admiração ou por crer que está em um relacionamento amoroso. Isso certamente atrairá os predadores que costumam esconder-se em perfis falsos como se fossem outros adolescentes. Os resultados podem ser trágicos.

O que sua filha deve entender é que ela deve se cuidar e não cair nessas armadilhas. Que uma foto ou vídeo divulgados na internet, bem como mensagens trocadas podem trazer consequências graves e irreversíveis. Que salas de bate-papo são perigosas e, principalmente, que nunca se pode ter certeza de quem é a pessoa com quem falamos – pode ser um criminoso, pedófilo, ou mesmo alguém que queira divulgar suas imagens ou texto por vingança, bullying, chantagem ou qualquer outro motivo sórdido.

Como proteger e evitar?

Para proteger suas filhas, os pais devem ficar atentos ao que elas fazem na internet, tanto em casa quanto na casa de amigos. Observar regularmente seus dispositivos, históricos de navegação e arquivos. Conversar periodicamente com elas, apontando as mentiras que circulam sobre o que uma mulher deve ser ou parecer, incutindo-lhes seu valor, melhorando sua autoestima e autoconfiança bem como deixando-as cientes dos perigos.

Acima de tudo, os pais devem ser um exemplo daquilo que ensinam, ou seu discurso parecerá superficial e hipócrita.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.