Como agir com as crianças que falam igual ao Cebolinha
Especialista em desenvolvimento infantil explica possíveis soluções para crianças que trocam o R pelo L.
Roberta Preto
Muitos filhos são bem diferentes tanto dos pais como dos irmãos, cada um tem as próprias vontades, virtudes, talentos e dificuldades. É importante que tanto o pai quanto a mãe tenham uma comunicação saudável entre si e com os filhos para sempre estarem atentos às necessidades e desafios que cada um dos filhos enfrenta individualmente.
Demonstrar atitudes de respeito, afeto, preocupação e amor pelos filhos são as maiores heranças que os pais podem deixar para eles.
Há muitas crianças que sentem dificuldades ao pronunciar algumas palavras, e cabe aos pais descobrirem essa dificuldade. Assim, esses pais podem procurar profissionais especializados para ajudar os filhos com esse problema.
Engana-se quem acha que a troca de sons do R pelo som de L é apenas uma criação dos quadrinhos. Embora o personagem Cebolinha esteja no imaginário dos brasileiros, a psicopedagoga Sheila Leal explica que, a partir dos 4 anos e meio, uma criança já deve estar preparada para diferenciar estes sons. Especialista em desenvolvimento infantil e porta-voz do Projeto Filhos Brilhantes, Sheila alerta para que sejam feitas algumas observações caso os pequenos falem que nem o Cebolinha. “O importante é não se desesperar e lidar com isso de forma tranquila”, alerta.
Segundo a especialista, devem ser observados três fatores que fazem com que os pequenos não consigam pronunciar o fonema correspondente à letra R:
1. Respiração
O primeiro deles é uma possível dificuldade respiratória.
“Para fazer o som de R como em ‘cara’, é necessário ter tônus muscular na ponta da língua que muitas crianças deixam de desenvolver por respirar muito com a boca”.
Problemas fisiológicos no nariz como desvio de septo, rinite, amídalas grandes, ou simplesmente respirar de boca aberta durante o sono podem ser fatores que levam a criança a não desenvolver este músculo específico.
2. Alimentação pastosa
Muitas crianças, nesta faixa etária, desenvolvem preferência por alimentos mais pastosos e moles.
“Esse tipo de comida faz com que a criança não consiga desenvolver um processo de mastigação eficiente. “
Segundo a especialista, muitos dos pequenos chegam aos seis anos com uma mastigação incoerente e deglutição que não exige tonicidade da língua, fator que pode levar à troca de sons.
3. Musculatura flácida
Há casos de crianças com diversos músculos do rosto mais flácidos.
“Geralmente crianças muito gordinhas podem ter a musculatura prejudicada, e isso incluiria a musculatura da língua.”
Somente com a observação destes fatores é que será possível começar a analisar o processo de desenvolvimento da criança.
“Leve seu filho a um médico otorrino para verificar estes fatores”, indica a especialista. “Somente depois é que se deve preocupar em buscar identificar algum tipo de distúrbio”, conclui.