Como construir um relacionamento com enteados

Relacionamento é algo que realmente deve ser construído. Na verdade, ele só pode ser construído, não surge do nada.

Beth Proenca Bonilha

Relacionamento é algo que realmente deve ser construído. Na verdade, ele só pode ser construído, não surge do nada. O que precisa ser observado é como está sendo a construção desse relacionamento, se positivo ou negativo.

O relacionamento entre mãe e filho começa na gestação, mas quando o bebê chega é que vai se intensificar e realmente começar a construção do relacionamento ao longo da vida. Quando é construído positivamente será um bom relacionamento desde a gestação até a idade adulta, mas quando a construção tem falhas logo no início, inevitavelmente chegará o momento em que o relacionamento, mesmo entre mãe e filho, ficará difícil.

Se neste caso é difícil, imaginem construir um relacionamento com enteados, os filhos de meu marido e outra mulher, ou de minha mulher e outro homem.

Atitudes que se deve priorizar neste caso é a paciência e o respeito, são os dois primeiros passos para iniciar a construção deste relacionamento que precisa ser construído com muito cuidado para que se torne positivo ao longo do tempo.

Existe um rótulo na figura da madrasta e do padrasto, de que são perversos, maus e só querem separar os enteados de seus pais. Isso nem sempre é uma ideia verdadeira, mas em muitos casos o rótulo vem junto com a pessoa, pois ela mesma se mostra dessa forma assim que se inicia a construção do relacionamento. Porque as pessoas envolvidas – geralmente os adultos – na história esquecem ou sequer pensam ou planejam os dois primeiros passos desta relação: PACIÊNCIA e RESPEITO

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Não adianta a madrasta ou o pai, o padrasto ou a mãe, quererem impor o relacionamento harmônico na nova família, pois fatalmente dará errado.

Quando falo em paciência, quero dizer que o tempo é o melhor remédio, é dado em doses pequenas e por um longo período; a melhora é gradativa, dependendo da dosagem e fórmula de respeito que se define no caso.

Respeito não quer dizer submissão ou divisão do espaço, como se dizer ao enteado: “Olha, este é meu tempo com seu pai, e você deve respeitar. Seu quarto é seu espaço na casa e eu devo respeitar”.

Não, não é esse tipo de respeito que falo, falo do respeito à individualidade, personalidade e quais são os sentimentos quanto à nova situação de cada uma das partes.

Conheço a história de uma mulher que quando seus pais se separaram ela tinha três anos de idade; seu irmão tinha cinco anos e os dois ficaram com o pai, que em seguida se casou com outra mulher, solteira, sem filhos, e que, claro, com todos os sonhos e desejos de uma moça de encontrar um homem e constituir uma família. As crianças, por sua vez, estavam carentes e precisando da figura materna, parecia o início de um relacionamento perfeito.

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Entretanto, não houve a preparação, planejamento e nem foram priorizados os dois principais passos para a construção de um relacionamento, PACIÊNCIA E RESPEITO. O Pai e os dois irmãos imediatamente queriam que ela fosse a mãe, que agisse como mãe, que cuidasse como mãe. Ela, por sua vez, não teve tempo para se preparar para ser a mãe que eles esperavam e precisavam, ela era a mãe que deu tempo de ser. Com isso não demorou muito até que os conflitos surgissem e o relacionamento fosse um desastre atrás do outro.

Certa vez ela relatou que a nova mãe se preparava para sair e as crianças queriam saber aonde ela iria sem levá-los, afinal, sempre que possível, uma mãe leva seus filhos junto ao sair, essa era a atitude que os irmãos esperavam dela. Mas, ela já estava desestruturada pela pressão e disse: “Vou à igreja! Vou rezar pra ver se consigo gostar um pouquinho de vocês dois!”.

Desastre total, o relacionamento sem paciência e respeito estava declarado e foi esse tipo de relacionamento que construíram ao longo dos próximos doze anos juntos. Até que chegou o dia que ficou insuportável e a família se desfez.

Relacionamento com enteados deve ser visto como uma viagem em via de mão dupla. A atenção deve ser redobrada, os faróis abaixados, quando necessário, para não incomodar o outro, respeitar a sinalização e a velocidade de quem transita por uma ou outra pista.

Essa mulher, que era a menina, hoje entende o que aconteceu nesse relacionamento. E somente após 35 anos consegue olhar para aquela pessoa, que deveria ter sido sua mãe, com respeito e paciência; mas o relacionamento que hoje existe já não pode mais ser de mãe e filha, mas de amigas e é assim que acontece.

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Uma dica para a madrasta e para o padrasto

Enteado não é o pestinha entre você e seu marido, ou sua esposa e você. Eles são um elo importante que poderá ligá-los para sempre e assim tornar cada vez mais forte a família. Mas para isso tenha paciência e respeito, do tipo que falamos anteriormente.

Uma dica para os(as) enteados(as)

Não exija ou espere que sua madrasta ou padrasto seja como você idealiza ou gostaria. Saiba que para eles também é muito difícil, são costumes diferentes, novas formas de arrumar a casa, novo tempero na comida, novas brincadeiras, e o mais importante, mesmo que você venha considerar como pai ou mãe, nunca substituirão os seus pais biológicos. Cada um deve ter um espaço especial em sua vida. Respeite e tenha paciência.

Pai, mãe, filho ou filha nem sempre são aqueles que nascem de nós ou de quem nascemos. Muitas vezes o relacionamento será muito melhor com aqueles que conseguimos construir um relacionamento positivo, com paciência e respeito e assim formar uma família de amor.

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Beth Proenca Bonilha

Graduada em Administração de Empresas com MBA em Empreendedorismo. Casada mãe de 6 filhos, avó de 2 netos. Atua profissionalmente como Analista Instrutora da Educação Empreendedora no SEBRAE - SP. Como hobby gosta de artesanato, música e leitu