Se seu parceiro a controla com o celular, isso é uma bandeira vermelha em sua relação

Ser controlada pelo seu parceiro através de redes sociais ou internet não é amor. Descubra o que fazer para evitar.

Adriana Acosta Bujan

“Cada vez que tocava o telefone, meu coração se agitava a mil por hora, meu corpo começava a tremer e minha voz falhava; sabia que era meu marido“.

“Normalmente, ele me ligava quando estava trabalhando para me perguntar onde eu estava, o que fazia e com quem me encontrava. Se eu demorava para lhe responder ou ele ouvia muito ruído, era certo que ficaria zangado comigo”.

“Eu acreditava que era amor de verdade quando ele me pedia que lhe enviasse minha localização em tempo real, já que pensava que o fazia porque realmente se importava comigo. Nunca percebi que era uma forma de me controlar”, disse Anabel.

Renata comentou: “Entre mim e meu parceiro não há segredos, nós dois temos as senhas de nossos dispositivos digitais; no entanto, muitas vezes surpreendi meu marido espiando em minhas redes sociais”.

“Em várias ocasiões, ele se zangava comigo por ter publicado alguma foto ou ter comentado alguma publicação de alguém; por isso, para evitar problemas, deixei de utilizar minhas redes sociais“.

Essas são histórias reais de algumas mulheres que foram vítimas de violência através das redes sociais, móveis ou internet. Como elas, há muitas com as quais talvez possa se identificar.

Hoje em dia, há vários estudos que afirmam que a cyber violência é uma prática muito comum usada para controlar os casais através das redes sociais.

Ela pode ter diversas manifestações, como cyberbullying, sexting, Stalked, grooming, entre outros. Alguns exemplos são a divulgação, sem o consentimento do parceiro, de seus dados e imagens pessoais, ameaças, difamações e humilhação.

Esse tipo de assédio também costuma ocorrer quando já não existe qualquer tipo de relação, o que é preocupante pelas graves consequências psicológicas e emocionais que trazem consigo.

O falso amor

Falar de amor é algo complexo e subjetivo, algumas pessoas acreditam ser amadas quando são controladas, já que é um paradigma que têm arraigado desde sua infância. Outras acreditam que o amor verdadeiro consiste em não esconder nada do outro, mesmo que ele invada sua privacidade e liberdade de expressão.

No entanto, esses comportamentos que algumas pessoas têm não refletem um amor verdadeiro, ao contrário, refletem inseguranças, baixa autoestima, transtornos não superados por experiências dolorosas no passado, medo e insatisfação pessoal.

Como evitá-lo sem terminar o relacionamento?

1. Força interior

Algumas pessoas têm baixa autoestima, acreditam não merecer o amor de seus parceiros por qualquer razão. É por isso que se recomenda começar a trabalhar no amor-próprio em si, ou seja, fazendo uma introspecção dos próprios sentimentos e emoções, para perceber e aceitar que se está sendo vítima de algum tipo de violência.

Se lhe soar familiar, você pode pôr em prática esse conselho para identificar o que sente, o que o magoa, e poderá encontrar soluções para se sentir melhor.

Algumas perguntas-chave para aceitar a situação que está passando seriam: “Estou realmente feliz?”, “Mereço que me tratem assim?”, “Sinto-me inferior” ou “Que medos estou escondendo?”.

Quando responder a essas perguntas, de sua razão ao seu coração, poderá observar que tem muita força no seu interior, que é capaz de pôr um fim a essa situação que tanto fere e magoa.

2. Ações corajosas

É importante aprender a dizer “não” em certas situações. Lembre-se de que você é a única pessoa que pode controlar sua vida, ninguém mais. Então comece com algumas estratégias de comunicação com seu parceiro para que você possa destruir completamente o controle que ele tem sobre você.

Expresse-se livremente e diga-lhe as coisas que lhe incomodam de uma maneira amorosa. Para isso, use a regra da comunicação positiva. Por exemplo: escolha um ambiente favorável para conversar com seu parceiro, comece com uma frase positiva dirigida a ele ou ela, depois diga-lhe o que o incomoda e termine com um agradecimento.

Por exemplo: “Meu amor, eu amo que você se preocupe comigo, você é meu guardião e parceiro, mas não precisa me ligar quando eu estou no trabalho, lembre-se de que eu posso ser notificado por atender o telefone no meu horário de trabalho. Agradeço por você me ouvir e me entender”.

3. Preciso de liberdade

O verdadeiro amor se demonstra com a confiança, é a base de tudo. É por isso que é necessário trabalhar com o seu parceiro, para se sentir bem e evitar ser vítima de cyber violência.

Se quer melhorar sua relação, então comece pedindo ao seu parceiro que respeite sua privacidade. Não precisa dar suas senhas para que ele ou ela se sinta amado por você.

Lembre-o de que o amor não se demonstra por quantos “eu gosto”, “eu adoro” ou “me importo” publicado nas redes sociais, mas por ações demonstradas no dia a dia. Os detalhes, os passeios juntos, o convívio, é o que dará confiança ao seu relacionamento e fortalecerá o seu amor.

4. Mais convivência e menos tecnologia

É quase inevitável parar de usar a Internet ou as redes sociais, pois faz parte do nosso estilo de vida. No entanto, quando se trata de fortalecer o amor do casal, deve-se fazer um esforço.

Ou seja, estabelecer limites e regras de convivência em casa para deixar de utilizar qualquer dispositivo móvel durante o tempo que estejam juntos ou pelo menos durante o tempo que desejarem ter uma conversa.

Você pode planejar fazer outras atividades nas quais os dois possam desfrutar e se divertir sem usar a tecnologia. Por exemplo, sair para caminhar, fazer algum esporte, cozinhar juntos entre outras coisas.

Lembre-se de que você pode começar a implementar essas estratégias para evitar ser vítima de cyber violência. No entanto, deve-se estar atento às mudanças, caso contrário, se a situação continuar, então será tempo de pedir ajuda profissional para poder curar sua relação.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Si te controla con el móvil, eso una bandera roja en tu relación

Adriana Acosta Bujan

Adriana Acosta estudou comunicação, é mãe de um adolescente, e atualmente se dedica em ensinar e pesquisar em nível universitário em Puerto Vallarta. Publica seus textos esperando que ajude as pessoas com suas vivências úteis.