Quando o “se importar” vira “controlar”
Saiba distinguir o que é cuidado e o que é ânsia de manter o controle e construa relacionamentos saudáveis.
Suely Buriasco
Existe uma linha tênue que separa o “se importar” com o “controlar” e, muitas vezes, isso gera confusão, principalmente porque o controlador encontra aí uma desculpa para comportamentos nocivos. “Eu ajo assim porque me importo com você” é uma frase muito usada por aqueles que querem manter vigilância contínua e dominar o outro. Se você é uma pessoa controladora ou se relaciona com uma assim, precisa mudar essa situação o quanto antes.
Segundo a psicanalista Ana Cruz escreveu: “O sujeito controlador é aquele que precisa que as pessoas e situações em geral funcionem de acordo com a sua ordem, a sua regra, por acreditar ser ‘o melhor caminho’, o ‘correto’, ignorando ao máximo opiniões e posicionamentos diferentes do seu”.
Se importar
Uma pessoa que realmente se importa com a outra leva em consideração os sentimentos dela, por isso não impõe sua vontade. Se importar tem a ver com querer bem, querer a felicidade do outro, mesmo que isso signifique que as coisas não aconteçam da forma como deseja. Considerar alguém importante é buscar fazer de tudo para garantir sua integridade física e mental. Acima de tudo, é respeitar a vontade do outro, entendendo que, por mais que você o ame, é ele o responsável pela própria vida.
Controlar
Diferente de quem se importa, o controlador quer dominar, vigiar e regular a vida e o comportamento do outro. Acha que tem poder de resolver o que envolve o outro e, por isso, não leva em consideração sua vontade, seus sentimentos e nem mesmo suas opiniões. Usa de artimanhas escusas para manipular e manter o controle na vida do outro e deprecia tudo o que não parte dele mesmo. Comumente sua arte de persuasão é tão complexa que consegue fazer o outro acreditar que está sempre errado e que o melhor é seguir aceitando sua influência.
Alguns comportamentos demonstram claramente quando o que se evidencia é o controle:
1. Busca isolamento
A pessoa controladora cerca seu “alvo” e, aos poucos, vai minando os outros relacionamentos. Implica com telefonemas, com familiares, amigos ou qualquer pessoa e situação que requisite a atenção do outro. O objetivo é tirar o outro de sua rede de apoio e assim fortalecer os elos de dependência com ele.
2. Critica o tempo todo
Normalmente começa aos poucos, mas acaba se tornando excessivamente crítico em relação a quem quer controlar. Critica tudo, buscando depreciar o outro em todos os sentidos. Normalmente não é algo consciente, mas a ideia é que se a pessoa se sente inferior vai acatar melhor as suas imposições. É por isso que pessoas com baixa autoestima são presas fáceis dos controladores.
3. Faz ameaças veladas ou explícitas
Não é incomum pessoas se deixarem dominar diante do medo de ser desprezadas. A simples menção de abandono as faz tremer e por isso permitem ser dominadas. Também é comum que pessoas controladoras ameacem autodestruição, prejuízo financeiro e envolvam até mesmo o acesso aos filhos. Lamentável!
O fato é que todo tipo de controle em relação a outra pessoa é sempre prejudicial a ambos e, consequentemente, a relação. É fundamental detectar esse tipo de comportamento em si mesmo e no outro para operar a transformação necessária, afinal relacionamento saudável só se constrói com respeito e liberdade.