Porque parei de falar para meus filhos “se apressarem”
O tempo é o bem mais precioso, porque é no tempo dedicado à família que conquistamos as maiores provas de amor.
Roberta Preto
Passamos nossos dias, semanas e meses, labutando para conquistar uma boa qualidade de vida para nossos filhos. Há pais que deixam seus lares na madrugada e só retornam no fim da tarde ou à noite. Quando retornam, voltam cansados, desanimados e até mesmo enfurecidos. Infelizmente, alguns “pais” não sabem lidar com as pressões do trabalho ou com o fracasso da semana, e descontam nos filhos todas as suas frustações. Acabamos por esquecer que, mais do que bens que supram as necessidades físicas de nossos filhos, precisamos dar a eles o nosso tempo.
Os pais precisam deixar de lado a pressa por coisas que terminam nesta vida. As duas coisas mais sagradas que nunca devem ser deixadas em segundo plano, seja nas nossas vidas ou na vida de nossos filhos são: O tempo e o amor. O tempo porque não volta, e o amor porque é eterno.
Duas amigas, uma com 35 anos e a outra com 42 anos durante uma conversa, acabaram por relembrar a infância. A de 35 anos relatou:
“Eu tive uma infância conturbada com bebidas e muita violência por parte de meus pais, mesmo que eu tenha passado por tantas coisas ruins, ainda me lembro de ter tido um domingo especial ao lado de meu pai, junto de nossos irmãos.
Naquele domingo, quando meu pai não estava embriagado, brincávamos com nossos lápis de cores meu irmão e eu, ele se levantou e pegou o seu estilete, em seguida, se aproximou, sentou ao nosso lado e começou a escrever meu nome e de meus irmãos em cada lápis. E ainda permitiu que brincássemos de cabeleireiros, arrepiando os lindos cabelos lisos e pretos dele. Momentos como aquele, se tornaram raros em nossas vidas, porque os problemas, o trabalho e as bebidas roubaram o tempo e amor que ele tinha dentro dele para nos dar. Apesar dele estar vivo, e fazer pelos netos o que não fez por nós, aquela doce lembrança me faz ter o desejo de voltar no tempo, viver mais uma vez aquela tarde de domingo para novamente viver aquele doce momento.”
A de 42 anos contou:
“Meu pai partiu quando eu estava com apenas 17 anos, foi um dos piores dias de minha vida, ter que dizer adeus a ele. Mas sou grata por ter tido um pai presente em minha vida, que me fazia parar tudo o que eu estivesse fazendo para me sentar na varanda de nossa casa de madeira e ali passávamos horas conversando, ele sempre deitava minha cabeça no colo dele, alisava meus cabelos e me ensinava através das histórias os conselhos que carregarei por todos os dias de minha vida. De todas as coisas que ele me proporcionou, a maior de todas foi o tempo que ele dedicava a mim, mesmo que tivéssemos muitos deveres a serem cumpridos no sítio.
Era nos finais de semanas, que a música invadia nosso lar e toda vizinhança vinha se alegrar conosco.
A morte chega para todos e chegou para meu velho pai, depois que ele se foi, a alegria foi com ele. O sítio foi vendido e nossa família se dispersou, mas o amor e o tempo que meu pai me deu ficaram gravados no meu coração. Daria tudo para deitar novamente a cabeça no colo dele e faria tudo para sentir ele acariciar os meus cabelos.”
O tempo é o bem mais precioso, porque é no tempo dedicado à família que conquistamos as maiores provas de amor. Mas se não for usado sabiamente, é nele que perdemos os melhores momentos de nossas vidas.
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Sabemos que é na infância que incutimos valores que definirão o caráter das crianças, todavia, sabemos que se esses valores não forem valores virtuosos, acabaremos por danificar uma vida inteira de um ser humano. Ninguém de nós será uma criança para sempre, todos teremos que crescer.
Que haja sabedoria nesses pais para não criticar seus filhos e tampouco apressá-los. Um exemplo disso: Quando uma criança tiver dificuldade em amarrar um cadarço, que haja mães e pais prontos para se agacharem e ajudarem seus filhos e a dar o famoso “nó borboleta.”
Que possa haver pais que sejam lentos para castigar e rápidos para amar.
A família é sagrada e deve ser mantida sobre os laços da confiança, do amor, da temperança e, principalmente, da tolerância.
O que define uma família é o cuidado e o amor no lar, e a importância que cada membro deposita um pelo outro, isso é o que torna o lar o melhor lugar para se estar.
O dever dos pais é ensinar aos filhos a desacelerarem, a viverem intensamente os belos momentos de sua infância, e o compromisso, junto da responsabilidade diante do mundo no qual eles terão que viver.
Que possamos correr para as eternidades, que possamos apressar nossos filhos para a felicidade. A família é eterna e se define no tempo e no amor.
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Roberta Preto
Roberta Preto, 33. Formada como tradutora e intérprete, escritora, mãe. Apaixonada pela vida, em uma eterna busca por conhecimento. Espero que minhas palavras possam ser uma luz na vida das pessoas. Sonho em ajudar a humanidade a tornar-se livre da escravidão da ignorância.
