Mulher revela os abusos que sofria do parceiro em texto corajoso

Seu relato tem inspirado mulheres no Brasil inteiro a abrirem os olhos para relacionamentos abusivos.

Rachel D.C.

Eliane Mastrodomenico, de 23 anos, escreveu um texto impactante sobre sua experiência com um relacionamento abusivo e compartilhou alguns trechos de sua amiga, Isabella Cêpa, que viveu uma situação similar. Segundo reportagem do Vix, ela e a amiga foram encorajadas a compartilhar suas histórias após acompanharem Marcos ser expulso por agredir fisicamente sua namorada, Emily, no Big Brother Brasil.

Eliane inicia seu relato dizendo que gostaria de ainda ter 22 anos para apagar de sua vida o que viveu por quase 1 ano. Ela diz que não sabia se deveria escrever sobre sua vida, e por fim decide que vai escrever para ajudar outras mulheres que estão passando pelo o que ela passou.

“Estou falando de relacionamento abusivo e violência contra a mulher. Menina, não se culpe nunca! Tenho certeza que assim como eu me culpava, você guarda muita culpa e angústia no seu coração. Tem coisas que não conseguimos encontrar razões, tem coisas que não entendemos o motivo de estar acontecendo em nossas vidas… Mas esteja certa de uma coisa: só VOCÊ pode sair dessa. Só VOCÊ pode fazer esse sofrimento acabar! Seja forte!”

Ela continua falando que havia deixado o relacionamento há 2 meses. “Me envolvi com uma pessoa aparentemente encantadora, algo típico de um agressor.” Mas ela explica que antes de ter se envolvido com o “agressor”, ela havia saído de um relacionamento de 3 anos e meio onde era respeitada como mulher. Ela explica a diferença absurda de um relacionamento saudável e um relacionamento abusivo:

“Eu era uma menina feliz, eu era uma menina vaidosa, eu era uma menina esforçada e dedicada no trabalho, eu era uma menina alto astral, eu era uma menina que hoje me espelho e me trato na psicoterapia para voltar a ser ela… E graças a Deus estou conseguindo.”

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“Eu apanhei, eu fui humilhada, eu fui maltratada, eu magoei pessoas que queriam o meu bem, eu estava cega e acreditava no amor.”

“Acreditava nas promessas e arrependimentos do agressor.”

“Acreditava realmente que eu seria burra se não o perdoasse. Eu iria perder um cara carinhoso que cuidava de mim e que me dizia: ‘VOCÊ É A MULHER DA MINHA VIDA'”.

A jovem explica que um relacionamento abusivo é como um “círculo vicioso”.

“O agressor te olha nos olhos e te convence de que quer te dar tanto amor, que você seria uma burra se fosse embora. Ele está arrependido, e a culpa da coisa acabar não vai ser dele porque te machucou, vai ser sua porque não foi capaz de perdoar e tentar de novo. Não importa quantas vezes isso se repita.”

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O namorado dela a agrediu fisicamente. Foram “apertões, sacudidas, chute na barriga, soco na nuca, soco no braço, tapa na cara, jogada no chão, cuspida no meu rosto.” Ela diz que ele bateu nela quatro vezes por motivos de ciúmes e paranoias, coisas que ele imaginava.

“A ordem era sempre a mesma: CARINHO – EXPLOSÃO – ARREPENDIMENTO/DESCULPAS – CARINHO – EXPLOSÃO – ARREPENDIMENTO/DESCULPAS – CARINHO – EXPLOSÃO…”

Além de agressão física, ele também usava de xingamentos para humilhá-la, como “maldita”, “desgraçada”, “você está morta.”

“Eu me sentia culpada. Achava também que realmente merecia ouvir palavras e xingamentos tão sujos. Da boca dele escutei muitas coisas que tinha vergonha de contar para alguém. E então sofria calada. Eu o amava. Era vista como tonta.”

Ela explica que como todo agressor em um relacionamento abusivo ele queria controlar cada passo que ela dava. Eliane teve que se afastar dos amigos e parar de sair. Os amigos dele se tornaram os únicos amigos dela e ela parou de sair de casa para evitar brigas com ele. Ela explica que ele se incomodava com coisas rotineiras como ela ir à padaria sozinha.

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Por mais que Eliane estivesse adaptando a vida dela para ele e por ele, ela não conseguia agradá-lo. Ela explica que o agressor sempre tentará te convencer de que a culpa é sua. De que você tem culpa de “não ser boa o suficiente para ele, não ser exatamente o que ele queria.”

Ela finaliza encorajando mulheres que passam por isso: “É por isso que resolvi escrever! Pois hoje entendo e sei que milhares de mulheres passam pelo o que nunca queria ter passado. Eu tentei até me matar. Pois doía muito ouvir coisas que eu não era. Hoje me sinto ótima e leve! Eu superei. Eu quis superar! Eu abri os meus olhos de uma vez. E sim, tomei a coragem que faltava e dei queixa na delegacia da mulher. Seja forte, menina!”

"Eu gostaria muito de ainda ter 22 para poder apagar da minha vida o que vivi durante quase um ano.
Pensei muito sobre…

Posted by Observatório Feminino on Friday, June 16, 2017

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Rachel D.C.

Rachel De Castro é esposa e escritora com formação em ciência política. Acredita que o mundo já tem críticos demais por isso decidiu motivar e inspirar pessoas.