“Mãe, como os bebês são feitos?” O que dizer quando seu filho lhe perguntar sobre gravidez

Uma hora ou outra, surgem as "temidas" perguntas sobre reprodução humana. Veja os cuidados que você deve ter ao falar a respeito disso com os seus filhos.

Erika Strassburger

Eu sempre incentivei meus filhos a tratarem o próprio corpo com muito respeito e cuidado. Desde que eram bem pequenos, procurei fazê-los entender que a região pélvica era muito delicada, que ao brincarem, pularem e tomarem banho eles precisavam cuidar para não bater, apertar ou machucá-la de alguma forma. Mostrei-lhes o local onde os “filhinhos” ficavam. Certa vez, meu filho caçula estava apalpando a região durante o banho e perguntei: “O que estás fazendo?” Ele olhou sorrindo: “Estou lavando meus filhinhos, mãe!”

Dois anos antes, quando eu estava grávida do caçula, meu filho do meio, que tinha quatro anos na época, perguntou: “mãe, como o bebê foi parar aí dentro?” Eu achei engraçada a forma como ele perguntou. Respondi com carinho: “O papai colocou uma sementinha, chamada sêmen, dentro da barriga da mamãe. Essa sementinha se uniu a um ovinho minúsculo, chamado óvulo. Dessa união se formou teu irmãozinho. Agora ele está crescendo, crescendo, e logo estará pronto para nascer.” Ele ficou satisfeito com a resposta.

Passado alguns meses, nas vésperas do nascimento do bebê, ele veio com uma nova pergunta: “Como é que ele vai sair daí de dentro, mãe?” Eu respondi: “O médico vai fazer um corte na minha barriga, vai tirar o bebê e depois costurar a pele.” Ele entendeu, mas para exemplificar melhor, mostrei a cicatriz das minhas outras duas outras cesáreas. “Está vendo essa cicatriz? É de quando tu e teu irmão [o mais velho] nasceram.” Ele ficou com cara de pena, por eu ter essa cicatriz.

Depois de quase seis meses, veio a tal pergunta, tão temida por muitos pais: “mãe, como é que a sementinha do papai foi parar dentro da tua barriga?” Eu sentei, olhei bem nos olhos dele, respirei fundo e pensei “vamos lá!”. Eu recapitulei sobre o local onde o sêmen ficava e mostrei-lhe o trajeto que ele fazia até sair do corpo do homem. Ele estava prestando muita atenção.

Dei uma pausa e ele indagou: “Tá, mas como entra no corpo das mães?” Eu disse: “Ele entra por um buraquinho que as mulheres têm nessa região.” Apontei para o local. Ele ficou com um ponto de interrogação estampado na testa. Eu continuei explicando que o homem precisava ficar bem juntinho da mulher e encostar o corpo dele no dela. Quando ele se deu conta de quais partes do corpo precisariam se encostar, ele me interrompeu, quase gritando: “tá bom, mãe, já entendi!” E saiu correndo! Ele não quis mais falar sobre o assunto. E eu ri desse episódio por muito tempo.

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Ao ensinarem seus filhos sobre reprodução humana, Vejam os cuidados que vocês precisam ter:

Ensinem somente aquilo que eles estão preparados para aprender

Eu aprendi na prática, algo que eu já sabia na teoria: jamais devemos expor informações além das que nossos filhos desejam. Eu respondi aquilo que ele desejava, nada além. Quando surgirem mais dúvidas, eu sei que ele virá me perguntar.

Transmitam-lhes tranquilidade e confiança

Seus filhos precisam ter plena confiança em vocês. Eles devem sentir-se à vontade para conversar sobre esse e qualquer outro assunto que desejarem. Deixem claro que vocês sempre estarão à disposição para conversar.

Usem uma linguagem apropriada para idade deles

Não tentem usar termos científicos se eles não têm maturidade para compreender. No entanto, seria interessante fazê-los se familiarizarem com os nomes certos das partes do corpo. Por exemplo, vocês podem dizer que “o nome dessas ‘bolinhas’ são testículos”.

Não trate o assunto como tabu

Infelizmente, alguns pais ainda censuram seus filhos, quando querem tratar desse assunto. Recentemente, meu filho do meio contou-me apavorado: “Mãe, sabia que o ‘fulano’ [colega de aula] foi parar na sala da coordenadora porque falou aquela palavra que começa com “s”, bem alto, na sala de aula?” Perguntei de que palavrinha ele estava falando, já sabendo a resposta.“Sexo” ele cochichou. Expliquei que não havia nada de errado com a palavra. Que o sexo era algo muito importante e que só era feio quando era tratado com vulgaridade. Ensinei-lhe segundo os padrões adotados por nossa família.

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Ao tratar o assunto como um tabu, seus filhos poderão vir a ter alguns bloqueios psicológicos na vida adulta, que se manifestarão na intimidade conjugal.

Não tratem o assunto levianamente

Não façam piada num momento tão sério, como quando estão ensinando seus filhos. Não deem apelidos grosseiros às partes do corpo. Como eu já disse, procurem ensinar-lhes os seus nomes corretos.

Não deixem de sanar suas dúvidas

Quando eu tinha oito anos, eu peguei meus pais naquele momento mais íntimo. Eu perguntei para a minha mãe o que era aquilo. Eu estava muito assustada. Pensei que meu pai a estava machucando. Ela disse que me contaria mais tarde. Eu estava ansiosa por uma resposta. Quando chegou o momento da conversa, ela me disse: “tu és muito pequena para entender. Quando tu ficares maiorzinha, eu te digo!” Aquilo me frustrou de tal forma, que nunca mais perguntei qualquer coisa para ela. Eu sanava minhas dúvidas nas aulas de educação sexual, nos livros de ciência, nas revistas voltadas ao público adolescente e com as minhas amigas. Acabei aprendendo da forma que julgo não ser a mais correta.

O tempo vai passando e meus filhos vêm com novas dúvidas. E eu não hesito em saná-las. Sinto-me segura por saber que eles confiam em mim. Por saber que eles estão aprendendo o que é correto e da forma correta. É a melhor forma de protegê-los contra os males que têm assolado a juventude, sexualmente falando.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.