Por amor ao filho, pai nega aborto e vira atleta de Triatlo

A sensibilidade e amor desse pai brasileiro por seu filho irá lhe emocionar. Veja que exemplo lindo de vida e do que é um pai de verdade.

Caroline Canazart

O médico sugeriu um aborto à ex-mulher de Jose Rosa das Neves quando ela completava o sétimo mês de gravidez. Constatado por meio do ultrassom uma hidrocefalia e má formação óssea da coluna, para o especialista, interromper a gestação seria o único caminho para o primeiro filho do casal.

Porém, Neves se negou a falar com o médico. A mãe, que então estava aflita com a descoberta, disse para ele “ele quer falar com você. Vou ter que passar por um aborto”. “Falei para a minha ex-mulher: ‘Não vou falar com ele’. Aquilo era um absurdo. Pensei: independente de como vier, eu vou cuidar”, lembra o pai.

E foi exatamente o que aconteceu. Há 24 anos Neves é o pai presente e amoroso de Elkier das Neves. Além dele, Neves também tem mais dois filhos: Ildyane, que é um ano mais nova que Elkier, e Luis Iran, seis anos mais novo que o primogênito.

Apesar de toda a dificuldade enfrentada logo após ao nascimento de Elkier, pois ele passou por algumas complicações causadas pelos problemas crônicos que tinha, a família parecia estar firme no propósito de continuar junta. Até o dia em que a mãe resolveu pedir o divórcio e deixar os três filhos com Neves. O mais novo, Luiz Iran, tinha apenas nove meses de vida.

“Quando fiquei sozinho com as crianças, sofri, chorei, não sabia o que fazer. Foi o pior momento da minha vida. Pensei no pior. Na última hora você sempre pensa o pior”, relembra.

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Para deixar a situação ainda pior, ele estava desempregado e a família precisou viver com a ajuda que Elkier recebia do governo, hoje de R$ 720 por mês. Foi um período difícil. O pai, e agora mãe, precisava cuidar de um bebê e uma criança com problemas especiais, além da pequena Ildyane.

Depois dos dois filhos mais novos terem crescido e Ildyane conseguir cuidar melhor de Elkier, Neves conseguiu um emprego. Segundo ele, a família não vivia com o bom e o melhor, mas viviam com o necessário.

O encontro de Elkier com o esporte aconteceu num dia comum, quando o pai o levava para uma consulta médica. “Nós estávamos andando pela rua, quando vi ele erguer um paninho para ver o vento balançar. Ele gostava daquilo, então, decidi ousar”, lembra. Já adepto de corridas, Neves começou a levar o filho nos treinos e a sintonia entre os dois só aumentava. Em 2013, o pai resolveu participar com o filho de uma corrida, empurrando o filho na cadeira. “Toda vez que passávamos pelo público ele ficava feliz com os aplausos. Aquilo era demais. Eu achava que trocar fralda era o bastante, mas aprendi que o esporte também é muito grande. Não estou aqui apenas para dar comida, dar banho. Quero andar, sair, viajar, ir para vários lugares com ele”, conta o pai.

Em 2014 o pai participou de um duatlo. Ele nadou e correu com o filho. Na prova de ciclismo ele teve que deixar o filho na área de transição, pois não tinha os equipamentos necessários. Já em 2015, pai e filho conseguiram completar a prova de triatlo (natação, ciclismo e corrida) com 1h46min23seg.

Inspirado no filme baseado em uma história real, “Meu pai, Meu herói“, ele foi atrás para realizar o sonho de cruzar a linha de chegada com o filho. “Primeiro você pensa nas dificuldades, depois você supera todas elas. O barco inflável, por exemplo, eu ganhei de uma amiga. A cadeirinha tive que adaptar”, diz.

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O trialeta não se envergonha em dizer que tem muita dificuldade em se manter no esporte, pois é considerado de elite por ter três modalidades. “Quando você precisa de apoio, ninguém dá. O triatlo é um esporte de elite. Para um trabalhador que ganha um pequeno salário por mês, para praticar é preciso ter apoio. As pessoas se sensibilizam, mas poucos ajudam”, afirma. Ele, que vive no Paraná, inclusive não fala o nome da cidade que vive por não receber nenhum apoio do município para as disputas.

Com a dificuldades também do esporte ele diz que a alegria de Elkier em participar das provas é o combustível para continuar. O rapaz fica feliz durante os percursos e vibra mexendo os braços ao passar perto das pessoas. Elixir se alegra quando percebe que ele e o pai estão ultrapassando outro competidor.

O filho mais novo de Neves, Luiz Iran, que hoje tem 18 anos, também segue os passos do pai e do irmão. Na mesma competição, mas em categoria diferente (16 – 19 anos), foi o campeão completando o percurso em 1h07min01seg. Ele sonha e emociona-se ao dizer que quer levar o irmão em alguma competição.

“Tenho um carinho muito grande por ele, sei o tanto que é importante. É um orgulho para mim, para o meu pai”, diz Iran.

_Imagens: OPote.com.br

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Caroline Canazart

Caroline é uma jornalista catarinense que optou por ser mãe em tempo integral depois do nascimento dos filhos. Ama escrever e ainda acredita que pode mudar o mundo com isso.