“É mais fácil perdoar um inimigo do que um amigo”

Reflexão sobre a amizade, e o patamar de consciência que possa mensurar a capacidade de cada um de se dedicar a esse sentimento.

Suely Buriasco

Essa citação do pintor e poeta William Blake corresponde a grande realidade, afinal, para com os inimigos não existem expectativas. No entanto, uma traição é tudo o que não se espera de um amigo. Um amigo é uma pessoa muito próxima, escolhida para compartilhar momentos importantes, alguém que buscamos uma troca fraterna de boas energias.

É mesmo muito triste sentir-se enganado por alguém a quem dedicamos estima, afeto e respeito. Uma citação de Buda transmite com riqueza esse sentimento:” Um amigo falso e maldoso é mais temível que um animal selvagem; o animal pode ferir seu corpo, mas um falso amigo irá ferir sua alma”.

Consciência

Toda decepção é consequência de uma aspiração exagerada, ou seja, de algo que se quis muito, mas que se frustrou por não corresponder às expectativas. Às vezes, esperamos muito das pessoas, queremos o que elas não podem nos dar e nos frustramos. Os seres humanos ocupam patamares diferentes de consciência influenciando nos comportamentos que manifestam. Isso nos faz entender que um amigo que trai é alguém que não alcançou a consciência do grande valor da amizade; assim ele age contra a si mesmo.

Idealização

Não se pode deixar de levar em conta que amigo é aquele que se felicita com a alegria do outro, mas, infelizmente, não é sempre assim. Então, eu me lembro de uma citação do poeta grego Ésquilo: “Raros são os homens dotados de bastante caráter para se regozijarem com os sucessos de um amigo sem uma sombra de inveja”.Penso que seja importante levar em conta a aptidão que temos por idealizar as pessoas, afinal, esse é um fator relevante nas decepções. Nem sempre as pessoas são o que nos inspira, o nosso desejo de encontrar alguém que preencha vazios existenciais, que nos apoie e seja leal. Compreender que esperamos demais de um amigo pode nos ajudar a superar a dor de uma traição.

Superação

Independente de tudo, é preciso afastar de nós mesmos o papel de vítima, afinal, também erramos ao confiar em alguém que não podia ou não queria ser nosso amigo. Então, é preciso livrar-nos da mágoa e seguir em frente, levando o acontecido como experiência que nos fará mais maduros na vida. Se a pessoa que tivemos como amigo não soube corresponder a esse sentimento, deixemos que a vida lhe mostre o que perdeu, afinal, amizade não pode ser imposta, nem tão pouco cobrada. Mas é importante que isso não nos torne pessoas amargas, que não se desfaça em nós o desejo de alimentar amizades verdadeiras. Sendo pessoas confiáveis e leais, não há por que crer que não existam pessoas assim no mundo.

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A amizade tem em sua natureza intrínseca o respeito e a lealdade. É essencial compreender que alguém que não possui esses atributos, simplesmente, não pode ser amigo. Lembrando Mahatma Gandhi: “O fraco jamais perdoa: o perdão é uma das características do forte“. Sendo assim, o melhor a fazer é perdoar e seguir em frente na certeza de que somos responsáveis unicamente pelos nossos próprios atos.

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Suely Buriasco

Mediadora de Conflitos, educadora com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, apresentadora do programa Deixa Disso com dicas de relacionamentos. Dois livros publicados: “Uma fênix em Praga” e “Mediando Conflitos no Relacionamento a Dois”.