Dois moradores de rua de MG dão exemplo e passam em concurso público

Agora concursados, os dois são exemplos para os outros amigos moradores de rua.

Caroline Canazart

Foram 12 mil candidatos para as 300 vagas oferecidas pela empresa e limpeza estadual Minas Gerais Administração e Serviços S.A. (MGS) e o primeiro lugar ficou com Marcelo Batista Santiago, 39 anos, morador de rua. Ele viveu nas ruas de Belo Horizonte entre 2012 e 2014 até passar no concurso.

Ele, que estava na rua por desentendimento com familiares, diz que nada foi fácil na vida dele. “Ter conseguido passar no concurso foi uma alegria imensa”, contou. Segundo Marcelo, conseguir emprego sempre foi difícil, pois quando falava que era sem-teto já perdia a vaga. Hoje ele mora no abrigo Reviver da prefeitura de Belo Horizonte e já se organiza para encontrar uma casa para morar.

“Foi muito sofrimento. Falta de comida, de lugar pra tomar banho, pra dormir. Tive que aprender a me virar. Foi muito duro”, disse Marcelo que decidiu mudar de vida em 2014. Onde ele vive tem uma minibiblioteca e lá ele começou a estudar pensando em fazer vestibular. Passou para o curso de tecnologia em gestão pública da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), mas acabou parando no segundo período. Mas ele ainda pensa em voltar.

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Em fevereiro de 2014 ele soube do edital do processo seletivo e resolveu se inscrever para o cargo de ensino fundamental incompleto. Dois meses depois Marcelo soube que não tinha só passado, mas também sido o primeiro colocado. “Quando saí da prova, senti que tinha ido bem, mas nunca imaginei ter ficado em primeiro lugar”, falou. Hoje ele já exerce a função e recebe R$ 876,66 por mês.

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Outro vencedor

Jurasir Santos da Silva, 50 anos, também foi outro morador de rua que passou no mesmo concurso em 20º lugar. Ele não conseguiu segurar a felicidade. Jurasir morava em Cuiabá, no Mato Grosso, e em 2012 resolveu ir para Minas Gerais. Chegou em 2012 e não conseguiu se reerguer. A rua foi o seu lar por três anos também por problemas relacionados com a família.

Quando soube do concurso, observou que a inscrição era gratuita. “Foi aí que pensei, ‘é isso, é a minha chance'”, contou. Jusair estudou todos os dias na Biblioteca Estadual Luís de Bessa, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Ele recebe 77 reais do Bolsa Família e, antes da prova, comprou uma apostila por 45 reais. Ele a estudou três dias antes da prova. Hoje ele é auxiliar de limpeza do Hospital de Pronto Socorro João XXIII.

Também morador de um albergue, o República Professor Fábio Alves, ele e Marcelo são inspirações para os outros moradores de rua. “Meus companheiros de rua me param o tempo todo pra me cumprimentar. Fico feliz”, disse Jusair.” Agora, além de conseguir uma casa pra mim, espero retomar o contato com a minha família. Sei que tem muita mágoa envolvida, mas tudo vai se resolver aos poucos”, contou Marcelo.

Os dois homens provaram que as circunstâncias podem mudar e que a força de vontade é um grande combustível para mudar a rota da vida.

_Imagem: G1 – Minas Gerais

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Caroline Canazart

Caroline é uma jornalista catarinense que optou por ser mãe em tempo integral depois do nascimento dos filhos. Ama escrever e ainda acredita que pode mudar o mundo com isso.