Divórcio: A presença de um pai é sempre necessária
A separação por si só já representa grande abalo na vida dos filhos, privá-los da presença paterna é um erro com consequências imensuráveis.
Suely Buriasco
O fim de um casamento é traumático tanto para o casal, como para toda a família, especialmente os filhos. Se a relação realmente acabou o melhor a fazer é buscar um divórcio amigável que proteja todos de maiores sofrimentos. O grande problema é quando isso não acontece e os filhos presenciam uma verdadeira guerra entre os pais.
No livro “Pais e Filhos – Companheiros de Viagem”, Roberto Shinyashiki trata do assunto da seguinte forma: “Sem dúvida, o melhor para a criança é a família unida à procura de soluções. Mesmo para as crianças, porém, é melhor ter pais separados e felizes do que juntos, torturando-se com brigas, choro, angústia e ela no meio do tiroteio“.
A presença paterna
Por maiores que sejam os motivos que levaram à separação é fundamental que os pais entendam que os filhos precisam da presença dos dois. Embora isso esteja mudando, ainda o mais comum é que os filhos fiquem com a mãe no processo do divórcio. Nesse caso é fundamental que a mãe compreenda que a presença do pai é muito importante para o desenvolvimento do filho e que, portanto, eles precisam manter a convivência. Claro que as necessidades mudam dependendo da idade; afinal, existe diferença entre compreender o divórcio, notar que os pais não estão mais juntos e, fundamentalmente, que eles estão sofrendo. Mas o fato é que sempre será uma ruptura importante que merece cuidado e de alguma forma o filho sempre precisa do pai.
O canal do diálogo
Passado os primeiros tempos da separação, quase sempre marcados pela falta de entendimento dos ex-cônjuges, chega o momento em que eles precisam manter um mínimo de diálogo. Pessoas movidas por emoções rancorosas dificultam ainda mais o que já é sofrido para todos fechando-se para o entendimento. Shinyashiki afirma ainda que é muito importante que compreendam que “O canal do diálogo deve sempre estar aberto, pois, apesar de o casamento ter acabado, a relação continuará sempre como pais dos filhos“. Pai e mãe precisam conversar para amenizar as dificuldades do filho com a adaptação na nova vida. É realmente importante que isso aconteça, pois do contrário, é comum que os pais passem a usar os filhos como canal de comunicação, o que provoca maior sofrimento a eles.
A importância da figura paterna
Autor do livro “Pai Presente”, o psicanalista José Inácio Parente, relata que a paternidade é algo essencial para a masculinidade. Segundo ele: “Ser pai acrescenta. Antes, o pai não tinha essa relação de proximidade com o filho, não se sentia tão à vontade, não sabia a importância que tinha”. Hoje é indiscutível a importância da figura paterna no desenvolvimento sadio do filho. Isso não quer dizer que crianças criadas somente pela mãe apresentarão necessariamente problemas emocionais. O que realmente prejudica é a ausência imposta da figura do pai que antes da separação era uma presença constante e sadia.
O essencial é que pai e mãe compreendam que cada um tem um papel definido na vida do filho e que ambos são relevantes para a estrutura emocional dos filhos.