Deixe que as crianças se sujem: Razões para limitar o uso dos antissépticos para as mãos

Em sua luta contra os germes, as supermamães são vencidas por supermicróbios criados por quem se preocupa em demasia com a limpeza.

Becky Rickman

Em sua luta contra os germes, as supermamães são vencidas por supermicróbios criados por quem se preocupa em demasia com a limpeza. Minha filha passou três semanas lutando contra uma diarreia devido ao fenômeno do supermicróbio.

O culpado? A famigerada Clostridium difficile, bactéria que ataca o trato gastrointestinal. Ela pegou essa bactéria porque precisou tomar antibióticos muito fortes para combater uma infecção por estafilococos, o que eliminou de seu intestino todas as bactérias benéficas. Como não havia bactérias boas, as ruins cresceram desproporcionalmente e tomaram conta do intestino de minha filha; e isso aconteceu porque o ambiente lhes era favorável.

Minha filha estava suscetível porque esses germes que tentamos desesperadamente manter longe de nossos filhos, quando usamos produtos antibacterianos e procuramos mantê-los superlimpos, estão se transformando em supermicróbios ou bactérias mutantes, que se tornam cada vez mais resistentes aos nossos esforços de controlá-los.

De acordo com a Centers for Disease Control and Prevention – CDC (agência norte-americana para o controle e a prevenção de doenças), são relatados anualmente 337.000 casos de infecção por C. difficile, resultando em 14.000 mortes. Isso representa uma morte a cada vinte e quatro infectados. O propósito deste artigo não é assustá-la, mas mantê-la informada.

Veja algumas causas para a epidemia dessa superbactéria:

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Uso excessivo de produtos bactericidas

. Segundo Coco Ballantyne, que escreve para o site Scientific American, quando uma população de bactérias é posta sob um fator de estresse — uma substância antibacteriana, por exemplo — uma pequena subpopulação armada com um mecanismo especial de defesa pode se desenvolver. Essas linhagens sobrevivem e se reproduzem apesar de seus parentes mais fracos morrerem. “O que não mata engorda”, é a máxima que comanda a situação nesse caso, pois os antibacterianos fortalecem as bactérias que suportam a presença dessa substância.

U so incorreto de antibióticos. De acordo com a CDC, outra grande causa do problema é a tendência de as pessoas tomarem antibióticos para combater vírus, o que esses tipos de medicamentos não são capazes de fazer. Os antibióticos combatem bactérias, não vírus. Os antibióticos não curam resfriados, gripes, nariz escorrendo nem garganta inflamada, se a infecção não tiver sido causada por bactérias. No entanto, de acordo com a CDC, mais de dez milhões de doses de antibióticos são prescritas a cada ano para doenças virais que não são curadas por esse tipo de medicamento. Para tentar solucionar esse problema, um número crescente de médicos está advogando um método a que deram o nome de “esperar e observar” antes de prescrever antibióticos, especialmente em casos como infecções do ouvido médio, que muitas vezes são causadas por vírus e não por bactéria. Os médicos europeus que utilizam esse método há anos não têm observado nenhum resultado desfavorável.

Uso de antibióticos em atividades agropecuárias

. Apenas reduzir o uso de antibióticos para curar as doenças em seres humanos não vai resolver todo o problema. Os fazendeiros também usam uma grande quantidade de antibióticos. Em vários países, o uso de antibióticos na criação de bovinos, suínos e aves é feito em larga escala, não apenas para prevenir doenças, mas também para intensificar o crescimento. A Union of Concerned Scientists (UCS), associação norte-americana sem fins lucrativos para a pesquisa científica, estima que setenta por cento dos antibióticos são usados como aditivos nas rações dadas a suínos, aves e bovinos saudáveis. Essas drogas deixam traços no organismo dos animais e se infiltram nos reservatórios de água e também na cadeia alimentar.

Impedir que as crianças se sujem

. Estudos mostram os efeitos negativos de se manter as crianças excessivamente limpas e os efeitos benéficos de se deixar que elas se sujem. Foi comprovado que deixá-las se sujar de terra ajuda a imunizá-las contra doenças autoimunes, alergias, asma e várias outras doenças.

Algumas boas notícias. Veja o que você pode fazer para ajudar no combate aos supermicróbios:

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Deixe seus filhos se sujarem… desde bem cedo

Os estudos acima mostram que quanto mais cedo melhor para começar a criar um sistema imune saudável em seu filhos.

Quando as crianças adoecerem, espere um pouco até receber o resultado dos exames laboratoriais

em vez de atacar com antibióticos de largo espectro. Não aceite a receita de um antibiótico a menos que você saiba que a doença é realmente causada por bactérias e não vírus. Os antibióticos são COMPLETAMENTE ineficazes em infecções causadas por vírus. Não aceite um antibiótico de largo espectro. A análise das culturas de bactérias mostra que antibiótico deve ser usado para combater cada cepa de bactéria.

Reduza o uso de sabonetes bactericidas e antissépticos para as mãos

O uso excessivo desses produtos promove a criação de bactérias resistentes, os supermicróbios. Usar apenas sabonete comum e água fará com eficiência a limpeza das mãos pequeninas.

_Traduzido e adaptado por Wagner Vitor do original Let them eat dirt!: Why you should go easy on the hand-sanitizer, de Rebecca Rickman

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Becky Rickman

Becky Lyn is an author and a 35+ year (most of the time) single mom.