De repente só. Como enfrentar a viuvez?

Se você vive esse drama saiba que não está só e que, assim como muitas outras pessoas, você também vai superar e retomar a sua vida.

Suely Buriasco

Cada ser humano tem a sua própria forma de pensar e manifestar seus sentimentos, isso inclui, certamente, a forma como lida com o luto. Mesmo levando em consideração as maneiras diferentes que cada pessoa pode encarar a viuvez, o fato é que não é fácil para ninguém.

O choque

Quando as pessoas optam pelo casamento com maturidade e discernimento, o fazem com verdadeiro comprometimento, pois, o que desejam é estar junto à pessoa amada e com ela desfrutar a vida. No momento em que essa expectativa não se cumpre, seus projetos se perdem e elas se veem sozinhas, surge um grande conflito existencial. Insegurança com o futuro, medos nunca antes deflagrados, tristeza e frustração profunda são alguns dos sentimentos mais comuns apontados por quem já passou por essa situação. É o inevitável choque de realidade, que acontece mesmo quando já se espera por esse fim, no caso de doença do cônjuge.

O drama

Passado algum tempo as pessoas que funcionaram como apoio no momento da perda, voltam a cuidar da própria vida. Não porque não se importam mais com os seus sentimentos, mas porque possuem suas urgências e você deixou de ser uma delas. Enquanto que para você tudo parece tão presente, o fato é que a vida não espera que você seque as suas lágrimas e o drama vivido já é visto por todos como passado. Por isso chega um momento em que ou você se afasta da tristeza ou as pessoas se afastarão de você. Ao contrário do que possa parecer, isso não é algo negativo, afinal você precisa encarar de frente uma nova realidade.

A solidão

Muito cuidado para não se afundar em autopiedade ou sentimentos de desamparo. Se você está se sentindo só, tem de assumir a responsabilidade da própria vida e promover as mudanças necessárias. Lembre-se que ninguém pode fazer isso por você. Seja proativo e comprometa-se a encontrar formas saudáveis para combater a solidão. É preciso que parta de você a disposição de interagir com as pessoas, de conviver com os amigos e familiares para seguir em frente com sua vida.

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Altos e baixos

O período do luto varia imensamente dependendo da pessoa, mas em algum momento ele precisa ter fim. É preciso compreender que isso não acontece de uma hora para outra, oscilações de humor são frequentes no processo de superação. Você pode estar muito bem e de repente ter uma crise de choro indo para casa, lembrando que o cônjuge não estará com você para o jantar, por exemplo. Então seja paciente e permita-se viver o luto, em muitos momentos você não terá nada mais para fazer do que deixar a dor se esvaziar em lágrimas.

A escritora britânica Katharine Whitehorn ao escrever sobre sua própria experiência relatou nessa matéria que recebeu inúmeras cartas, numa delas uma outra viúva escreveu: “É uma amputação”, o que ela considerou uma boa analogia, constatando que até mesmo as pessoas que passam por uma amputação física aprendem a viver sem o membro amputado.

A reestruturação

Claro que a perda do cônjuge, principalmente quando existe genuíno amor envolvido, é um trauma difícil de superar. Por isso é preciso uma grande reestruturação em todos os aspectos. Começar de novo, novos planos, novas rotinas precisam ser instauradas gradualmente. O importante é que você tenha em mente que assim como muitas pessoas passaram por isso e superaram, o seu momento também vai chegar e, embora a dor continuará presente, lembrando do que valeu a pena viver, o sofrimento lhe dará uma trégua e você conseguirá sorrir de novo.

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Suely Buriasco

Mediadora de Conflitos, educadora com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, apresentadora do programa Deixa Disso com dicas de relacionamentos. Dois livros publicados: “Uma fênix em Praga” e “Mediando Conflitos no Relacionamento a Dois”.