Como enfrentar a depressão pós lua de mel

Depois da festa de casamento dos sonhos, Rafaela e Juliana não imaginavam que a vida de casada seria uma dura realidade que as levaria à depressão. Saiba como cada uma buscou forças para melhorar.

Evelise Toporoski

Você ama seu cônjuge e sabe que é com esta pessoa que quer passar o resto da vida juntos. Para celebrar, fazem uma festa de casamento linda e inesquecível, e uma lua de mel super-romântica.

Porém, quando estão “enfim sós”, começa um período difícil de adaptação, que raramente é percebido. “Ter que assumir o papel de esposa/marido, responsabilizar-se pelas suas decisões e, talvez, o mais difícil, precisa-se “morrer” o papel do filho(a) para nascer uma esposa ou marido. Por isto, denominamos a palavra de luto, pois além das inúmeras novidades que estão acontecendo, tanto o marido quanto a mulher terão que dar conta de readaptar-se”, explica a psicóloga Franciele Prestes.

A escritora norte-americana Sheryl Paul, autora do livro The Consciousness Bride (A Noiva Consciente, em livre tradução), explica que a maior parte dos recém-casados sofre desse mal. Em entrevista à revista Marie Clarie a autora diz: “Elas questionam se fizeram a escolha certa, o que é o amor, se ama realmente seus maridos, é neste momento que elas percebem que tomaram uma decisão de enorme responsabilidade”.

Esta passagem será vivida por muitas pessoas, para alguns de maneira mais intensa, e para outros, menos. “Existe sim um lado angustiante e de sofrimento, e ele deve ser vivido, pois faz parte do ciclo de vida do ser humano”, esclarece Franciele.

Leia: 5 dicas essenciais para sobreviver ao primeiro ano do casamento

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Rafaela se sentia abandonada

Esta mudança brusca atingiu profundamente a vida de Rafaela Bueno. Ela teve a festa que sempre sonhou e planejou, casou com a pessoa que tanto amava, mas de repente, a nova rotina não era bem o que ela queria. “Eu trabalhava durante o dia e estudava à noite, meu marido e eu quase não nos víamos e isso foi me dando uma tristeza”, conta.

A casa dos pais sempre cheia também fazia falta: “Eu sempre fui muito apegada à minha mãe, sentia muita falta dela e de meus irmãos. De repente, me vi sozinha e então começaram as crises de choro. Eu tinha a sensação que havia sido abandonada por todos”, lembra Rafaela.

Antes de casar ela não sentia esta tristeza, então, decidiu buscar ajuda profissional. Rafaela fez tratamento médico com remédios e junto com o marido ajustou a rotina. “Meu marido começou a trabalhar pela manhã e agora passamos a noite juntos”, diz.

Ela ainda utiliza um dos medicamentos, mas “a sensação de abandono foi embora, principalmente depois da chegada dos meus filhos. Comecei a me acostumar com a nova vida. Resumindo, sair do ninho é difícil”.

Leia: Como ajudar um familiar com depressão

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A nova vida de Juliana

Juliana* namorou quatro anos antes de casar-se. Eles se viam apenas nos fins de semana, pois com a rotina de estudos e trabalho não sobrava tempo no meio de semana para eles. Preparou o casamento por nove meses, e teve uma festa “perfeita e maravilhosa, como sonhei, organizei e planejei”.

Mas, no domingo depois do casamento, o início da nova rotina deixou a noiva assustada. “Eu nunca tinha saído de casa e ficado mais de uma semana com meu marido. Os dias foram passando e fui percebendo minhas limitações como dona de casa, mulher, esposa que trabalhava fora, as diferenças entre eu e meu marido. Isso foi me deixando estressada, sem paciência, cansada, só chorava”.

Além disso, Juliana resolveu sair do emprego para procurar algo que a realizasse profissionalmente, mas teve que enfrentar seis meses de desemprego. Isso contribuiu para que ela entrasse em depressão. “Me descuidei e engordei, só chorava, nos endividamos e meu marido já não tinha mais paciência com meu estado”.

Percebendo que sozinha não conseguiria mudar esta situação, buscou ajuda. “As coisas começaram a melhorar quando me apeguei a Deus. Consegui um emprego, fiz tratamento psicológico e psiquiátrico, pois fiquei muito tempo sem controle de mim mesma. Não foi um período fácil, porém, necessário para minha transição de filha mimada e cheia de proteção para uma mulher independente e guerreira que consegui me tornar”, conta Juliana.

Para quem está passando por uma fase como esta, ela sugere que “tenha calma, paciência, fé em Deus. Se tudo começar a sair do controle, procure ajuda psicológica antes de desfazer o casamento. Casar é muito bom!”.

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*Juliana pediu para omitir o sobrenome

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Evelise Toporoski

Jornalista com experiência em redação de jornais e revistas. Mãe e esposa compartilhando experiências de vida!