A raiva tem um só remédio: Paciência
Viver bem em família é viver com otimismo e cultivar o bem.
Fernanda Ferrari Trida
A raiva é “grande aversão, rancor, repugnância, repulsa, ódio, antipatia”, segundo o Novo Dicionário Aurélio. Quantas palavras feias. Quantos sentimentos desagradáveis e ao mesmo tempo tão espontâneos, às vezes. Afinal, somos todos humanos, não é caro leitor?
Mas podemos mudar isso. Deixar de sentir raiva, assim como deixar de denominá-la, é possível. Trata-se de um desafio bem difícil, porque não fomos “ensinados” a sermos assim. A cada dia deparamos com situações que testam nossos limites de tolerância e paciência. E são em momentos assim que os recursos interiores são mais necessários.
Trocar a raiva pela paciência é um ato que exige atenção e trabalho. Talvez não sejamos capazes de realizar inteiramente esse processo ao longo da vida, mas é importante que o façamos em prol da nossa saúde e para que ensinemos a nossos filhos que o rancor não é um sentimento nobre, mas sim uma ilusão desnecessária.
Para começar, que tal mudarmos nossas atitudes dentro de nossa própria casa no trato com os familiares?
1. Diálogo entre marido e mulher
Não existe nenhuma lei que diz que os cônjuges devem concordar sempre. Talvez, se houvesse tal norma, muitos de nós sofreríamos sansões, pois cada um foi criado de uma maneira diferente do outro e a adequação pode demorar anos. Mas o modo de falar e as atitudes de um para com o outro podem ser sempre melhorados. Vocês conseguem ser mais carinhosos, mais amorosos, mesmo quando discordarem em algum ponto. Lembre-se que a raiva só surge se o orgulho de um de vocês for ferido e para que esse orgulho sofra uma lesão, o dono dele tem que ser superior à outra pessoa. Se o casamento de vocês permite hierarquias, algo está errado e vocês precisam conversar.
2. Diálogo com os filhos
Brigar, bater, punir e humilhar não são métodos construtivos de criação de filhos. Nunca foram e nunca serão. São demonstrações de insegurança dos pais. Os filhos chegaram para vocês sem saber de absolutamente nada sobre a vida e o que aprenderam sobre ela foram vocês quem ensinaram. Portanto, se quiserem sentir raiva, devem sentir de vocês mesmos e não da desobediência deles. Vocês estão errados e não eles. Experimentem tratá-los com amor e ver a resposta. Pode demorar um pouco, mas vocês devem insistir.
3. Diálogo consigo mesmo
Esse é o principal diálogo que devemos ter do momento em que acordamos até a hora em que vamos dormir. Os budistas chamam isso de meditação, você pode colocar o nome que quiser. Na verdade, isso é simplesmente aquela história de contar até 10 antes de falar. Só que em vez de contar sem pensar em nada, não conte, e pense no que vai falar. Um exemplo simples: Você precisa se concentrar no e-mail que está enviando e seu filho o chama; você pede que espere, mas como toda criança afoita ele continua a chamar. Você pode deixar que aquilo o desconcentre e você exploda ou pode parar o que está fazendo, dar atenção a ele rapidamente, explicar que logo ficará mais tempo com ele e voltar a enviar o e-mail. O que é melhor?
Não deixar que as situações, as pessoas e os pensamentos nos tirem a paz interior exige uma força tão imensa no início que sentimos vontade de voltar a sermos as pessoas de antes, explosivas e mal-humoradas. Mas depois de alguns dias de muitos esforços – muitos mesmo, no meu caso – tudo adquire outro significado. Os problemas não são mais do que problemas e não geram ansiedade. A rotina tem começo e fim e não provoca insatisfação. A vida tem mais graça por que nós temos menos expectativas quanto ao futuro e mais quanto ao momento presente. Tente você também. Ter menos raiva das coisas, das pessoas e de tudo aquilo que a gente nem sabia que poderia gerar esse sentimento é bem bacana.