10 razões pelas quais casar com uma pessoa por causa de beleza é uma péssima ideia

Ser atraído pela beleza é natural, mas se você buscar alguém para se casar por causa da beleza, você acabará por odiar a si mesmo. (John Piper)

Stael Ferreira Pedrosa

Não se edifica uma casa sobre a areia, mas sobre a rocha. As rochas persistem firmes e imutáveis por milhares de anos, já a areia muda de lugar, cede e escoa de acordo com as condições ambientais. Assim são os valores efêmeros.

A beleza é um dom apreciado e altamente valorizado em todas as culturas. Embora apreciada e valorizada, não pode ser essa a norteadora na busca de um parceiro, assim como não devem ser os valores materiais ou voláteis a base para um casamento sólido. Não significa que devamos nos casar com pessoas que não consideramos atraentes, tampouco que não busquemos ter boa aparência. Apenas que essa não seja a base do relacionamento. Por quê? Abaixo 10 razões porque se casar pela atração física pode ser um desastre.

1. Sedução x amor

O filósofo espanhol José Ortega y Gasset em sua inquietante frase sobre a beleza pode nos dar o primeiro motivo por que a atração física não é uma base satisfatória para uma relação duradoura. Diz ele: “a beleza que seduz poucas vezes coincide com a beleza que faz apaixonar.”

2. A beleza é impermanente

Não só pelo passar dos anos que desfigura o corpo, enruga o rosto e diminui os cabelos, bem como pela inconstância de padrões. O que era belo há 20 anos pode não ser mais. Quando eu era jovem, a mulher bonita tinha que ter seios pequenos, hoje tem que ter seios grandes. É um peso e uma injustiça sobre as costas do cônjuge cobrar-lhe essas adaptações que por vezes se tornam impossíveis.

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3. A relação tem bases instáveis

A maioria das mulheres não é bonita após um parto cesariana amamentando, dormindo pouco e lutando para perder os quilos extras que a gravidez trouxe. Seu corpo pode ficar marcado por estrias, cicatrizes, flacidez entre outros resultados comuns de uma mãe. Alguns casais se separaram já no nascimento do primeiro filho, porque o marido vê a mulher como feia e desleixada e não como alguém que precisa dele para se renovar. O que denuncia uma relação vazia.

4. Amor é mais que atração

A beleza traz encantamento, paixão, desejo. Quando essa paixão inicial se transforma em amor, geralmente é algo mais tranquilo, um companheirismo agradável e aconchegante onde não há necessidade constante de afirmar-se como desejável, pois nos sabemos aceitos e amados. Se a relação for baseada apenas na aparência, não haverá tal cumplicidade, apenas o representar de papéis, o que, claro, não pode ser permanente.

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5. O outro sabe

Quando alguém está em uma relação desse tipo, os envolvidos sabem que estão pisando em terreno instável. Isso pode criar uma preocupação constante em permanecer belo para continuar com o ser amado; gerando ansiedade, excesso de atividade física, dietas insalubres e distúrbios alimentares.

6. O outro ainda sabe

Mesmo que seu cônjuge consiga se manter belo por muitos e muitos anos através de cuidados e excessos sem fim, e pior, mesmo em detrimento da saúde física e mental, com o passar dos anos ainda outros excessos surgirão. Sejam os intermináveis liftings, implantes de cabelos, cirurgias plásticas e uma obsessão doentia com a juventude, o que produzirá efeito contrário: a relação não suportará tal desgaste. Um amor de verdade nos permite ser quem somos e estarmos confortáveis em nosso envelhecimento.

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7. O tempo passa

Como já dito no item 2, a beleza é impermanente e passa com o tempo, ou pelo menos grande parte dela se vai. O que fazer? Seu cônjuge é alguém descartável? Vai trocá-lo por alguém mais jovem? Com uma cintura mais fina? Com mais cabelo? Se a relação for baseada na beleza é isso que acontecerá. Os votos feitos no casamento, os anos de convivência e companheirismo se tornam obsoletos em nome da aparência física e superficialidades.

8. O amor não tem oportunidade

Em um relacionamento desse tipo, o amor não tem espaço para desenvolver-se, ele fica condicionado à fita métrica, aos conceitos sociais e à necessidade cotidiana de ocultar o efeito dos anos e os sinais de falta de cuidado ou excessos. O foco passa a ser no que não se deseja ao invés de naquilo que se quer.

9. Não se cria harmonia e nem cumplicidade

Todo casamento para sobreviver às intempéries da vida tem que se harmonizar, ser equilibrado em todas as situações. Equilibrar a distância com afeto e companheirismo, o trabalho com o lazer, o cansaço mental e físico com a espiritualidade. A busca da prosperidade com o servir ao próximo. A compreensão de que nossos corpos são belos não por suas medidas, mas porque nossos espíritos habitam nele deixa de existir e torna-se obrigatório provar-se belo. Segundo Naomi Wolf, quando tornada uma obrigação, a beleza provoca dor. Um casamento doloroso não chega à velhice.

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10. Amor mortal x amor imortal

John Donne foi um poeta inglês e pastor anglicano autor da frase “O amor construído sobre a beleza morre com a beleza.”

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Talvez a palavra mais interessante na frase seja “construído”. Sim, o amor é construído. Primeiro escolhemos a quem iremos amar, em seguida construímos esse amor. Sendo essas ações totalmente conscientes, devemos fazê-las o melhor possível construindo sobre bases estáveis de valores imortais.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.